sexta-feira, 14 de março de 2008

2.1 - PÉ DIABÉTICO: pé neuropático e pé neuroisquémico


"As lesões do Pé Diabético surgem da insensibilidade provocada pela neuropatia
sensitivomotora e/ou da isquémia provocada pela aterosclerose das artérias do
membro inferior.




http:// www.dgs.pt


Fisiologia da ulceração



Apontamentos do professor Rui Oliveira

Pós Graduação de Feridas e Viabilidade Tecidular 2007/ 2008 (Setúbal)


  • As causas mais importantes das úlceras no pé diabético são a neuropatia (sensitiva, motora e autonómica) e a doença vascular periférica

  • Para além das úlceras puramente neuropáticas e puramente isquémicas, existe um grupo misto de úlceras neuroisquémicas.

  • As úlecras do pé diabético normalmente resultam de uma combinação de factores como o aumento do stress biomecânico, alteração da perfusão da pele, perda da sensibilidade protectora e trauma externo.

  • O trauma relacionado com o sapato é o evento mais frequente na precipitação de uma úlcera.


NEUROPATIA DIABÉTICA




"Presença de sintomas e/ ou sinais de disfunção do nervo periférico em pessoas com diabetes, depois de excluidas outras causas."





  • Cerca de 50% das pessoas com diabetes tipo 2 têm neuropatia significativa e pés de risco

  • Neuropatia sensitiva, motora e simpática periférica são grandes factores de risco para úlceras do pé diabético

  • A neuropatia não pode ser diagnosticada apenas com a história clínica, mas cm um exame neurológico cuidadoso dos pés.

  • Pessoas com pés de alt risco para ulcerações futuras podem ser identifivadas com simples testes de diagnóstico (monofilamento de 10g.)






Pé Neuropático






Características:





  • Deformado

  • Ingurgitamento das veias do dorso;

  • Pele seca, com calosidades nos pontos de pressão;

  • Quente;

  • Rosado.






Neuropatia sensitiva



Diminuição da sensibilidade:




  • táctil;

  • Dolorosa;

  • térmica;

  • Proprioceptiva;

  • Diminuição da percepção da vibração;

  • Diminuição da percepção da pressão.


Neuropatia motora




  • Atrofia dos músculos interósseos, com retracção de tendões que levam a deformações;

  • Perda do tecido adiposo e deslocamento da almofada plantar, na zona das cabeças metatarsianas;

  • pé pendente

  • aumento do arco do pé;

  • Dedos em garra ou martelo;

  • hallux vagus

Neuropatia autonómica

"perda da constrição das artérias e arteríolas", provocando:

  • vasodilatação
  • formação de shunts arteriovenosos
  • aumento do fluxo sanguíneo
  • circulação de alta velocidade;
  • enfraquecimento do osso
  • neuro-osteoartropatia de Charcot
  • diminuiçãoda actividade das glândulas sudoríparas

- pele desidratada

- fissuras

- diminuição da transpiração


Sintomas comuns de dor neuropática
  • sensação dolorosa/ queimadura
  • Dor (surda/ pulsátil)
  • Dor lancinante
  • dor paroxística
  • alodinia
  • hiperalgesia



Neuro-osteoartropatia de Charcot

"Destruição não infecciosa do osso e da articulação associada à neuropatia, na fase aguda associada a sinais de inflamação"

Atinge habitualmente as articulações do médio tarso resultando na queda da arcada plantar (arco longitudinal médio do pé), levando à deformação de "pé invertido".

DOENÇA VASCULAR PERIFÉRICA

"Doença vascular obstrutiva aterosclerótica com sintomas clínicos, sinais ou anormalidades na avaliação vascular não invasiva, indicando circulação interrompida ou alterada em uma ou mais extremidades" - origina o pé isquémico.

Pé isquémico

  • Pulsos diminuidos ou ausentes;
  • Se elevarmos o pé, este fica pálido, se o colocarmos pendente fica rapidamente avermelhado;
  • pele fina e brilhante;
  • Sempre frio;
  • Aumento do tempo de enchimento capilar;

N.B.: Devido à neuropatia, o pé com isquémia pode estar quente e com cor aparentemente normal.


Avaliação vascular:

1 - Pulsos ausentes

2 - Indice pressão tornozelo/ braço inferior a 0,9

É o método de diagnóstico mais utilizado para quantificar a doença vascular periférica. Os valores podem, contudo ser falseados no caso de existir calcificação das artérias.

0,9 - 1,2 - risco pequeno de ferida vascular no pé

0,6 - 0,9 - Doença vascuar definitiva - risco moderado a elevado de ferida vascular dependendo da presença de outros factores de risco

inferior a 0,6 - doença vascular severa - risco muito elevado de ferida vascular no pé

3 - úlcera que não melhora apesar do tratamento instituido




Sites de interesse:


- The diabetic foot

http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?tool=pmcentrez&artid=1125886

- Prevalence of risk factors for diabetic foot complications

http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?tool=pmcentrez&artid=2174471&rendertype=abstract

- Potential risk factors for diabetic neuropathy: a case control study

Um comentário:

Unknown disse...

O Professor Rui Oliveira é o Enfº Rui Oliveira Coordenador da Podologia da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal?